Águas do Norte testa plataforma PAMWater em parceria com o Centro de Engenharia Biológica e com Centro ALGORITMI da UMinho


Solução tecnológica baseada em inteligência artificial vai tornar abastecimento de águas mais eficiente e sustentável

Este sistema inovador vai ser testado na Águas do Norte, mas o principal objetivo é que venha a ser utilizado noutras indústrias de água para melhorar a eficiência energética e reduzir a pegada ambiental.

Antecipar o impacto do clima nos caudais, prever variações da qualidade da água nos rios e detetar descargas anormais e ilegais com base em dados históricos, são alguns problemas comuns na gestão dos serviços de abastecimento de água e de saneamento de águas residuais e que esta inovadora solução tecnológica, que usa os sistemas neuronais do cérebro humano como modelo, vai ajudar a antecipar e corrigir. O sistema vai ser capaz de analisar e prever diferentes cenários, “aprendendo” com as diversas situações, conseguindo, assim, interpretar resultados e ajustar respostas. É uma solução inovadora que está a ser desenvolvida pelos Centros de Engenharia Biológica e ALGORITMI da Universidade do Minho e que será implementada pela Águas do Norte.

A Águas do Norte, entidade gestora do sistema multimunicipal de abastecimento de água e de saneamento do Norte de Portugal e do sistema de águas da região do noroeste, que gere diariamente mais de 1.000 infraestruturas, assim como os respetivos dados, vai ser a empresa pioneira na utilização e no ensaio do PAMWater.

A maior inovação deste projeto assenta no facto de aliar uma plataforma web a softwares que utilizam Redes Neuronais Artificiais (RNA) – técnicas computacionais baseadas no funcionamento do sistema nervoso central do ser humano e que adquirem conhecimento através da experiência. São sistemas com capacidade para aprender através da informação que lhes é previamente fornecida, adaptar parâmetros às respetivas solicitações e até fazer uma interpretação dos dados recolhidos.

Com esta plataforma vai ainda ser possível prever os caudais de entrada dos sistemas com base no consumo de água, controlar o ciclo urbano da água para avaliar o desempenho dos sistemas hídricos multimunicipais e otimizar processos para melhorar a eficiência energética e reduzir a pegada ambiental.
 
A PAMWater, que poderá vir a ser aplicada em outras indústrias de gestão de águas, será usada como um sistema de apoio à decisão, permitindo aos responsáveis pela gestão das empresas terem acesso a um vasto conjunto de informações descritivas e preditivas. Neste sentido, com a implementação da plataforma, terão acesso de antemão a vários parâmetros e poderão adaptar os processos de forma a dar uma resposta mais eficiente, prestando um melhor serviço à população e protegendo o ambiente.

A equipa de investigação multidisciplinar que compõe este projeto é constituída por elementos do Grupo Biotecnologia Ambiental e Bioengenharia do Centro de Engenharia Biológica (CEB), com uma alargada experiência em domínios como o tratamento de águas residuais e gestão dos respetivos sistemas e pelo Grupo de Inteligência Sintética do Centro ALGORITMI, com vários trabalhos realizados na área de aprendizagem e inteligência artificial.

A Águas do Norte iniciou a atividade a 30 de junho de 2015 e, enquanto entidade concessionária do sistema multimunicipal de abastecimento de água e de saneamento do Norte de Portugal, em “alta”, é responsável pela captação, tratamento e abastecimento de água para consumo público e pela recolha, tratamento e rejeição de efluentes domésticos, urbanos e industriais em 63 Municípios que integram este sistema.

Assume ainda a exploração e gestão do sistema de águas da região do Noroeste, em “baixa”, que envolve 8 Municípios da região, reunindo numa única entidade gestora, os serviços de abastecimento de água e de saneamento de águas residuais em “alta” (prestados aos Municípios) e em “baixa” (prestados aos utilizadores finais, os munícipes), de forma regular, contínua e eficiente.

A atuar nas áreas da biotecnologia e bioengenharia para os setores ambiental, saúde, industrial e alimentar, o CEB – Centro de Engenharia Biológica – é um dos mais dinâmicos centros de investigação do país e está integrado na Escola de Engenharia da Universidade do Minho.

No centro estão reunidos mais de 400 investigadores, de 20 nacionalidades diferentes, e é realizada uma elevada atividade científica, que se reflete no número de publicações, 400 no último ano, incluindo 240 artigos em revistas internacionais de renome, bem como no elevado número de patentes obtidas, 28.

Desde 2002, o CEB obtém a classificação Excelente nas avaliações periódicas realizadas pela FCT, uma das principais entidades financiadoras de ciência do país. Arrecada, anualmente, uma média de 3 milhões de euros de financiamento. A colaboração em projetos com empresas nacionais e internacionais também é um aspeto a destacar, sendo que 40% das publicações têm coautoria internacional.

O Centro ALGORITMI é uma unidade de investigação da Escola de Engenharia – Universidade do Minho, que, no âmbito das Tecnologias da Informação, Comunicações e Eletrónica (TICE), desenvolve atividade de I&D em seis grandes áreas: Ciência e Tecnologia da Computação (CST), Tecnologias e Sistemas de Informação (IST), Comunicações por Computador e Media Pervasivo (CCPM), Eletrónica Industrial (IE), Engenharia e Gestão Industrial (IEM), Engenharia de Sistemas e Investigação Operacional (SEOR).

Com mais de 400 investigadores, o ALGORITMI centra a sua atividade em projetos com uma forte ligação à comunidade, i.e., a indústria e a administração pública, derivada da sua localização numa região industrializada com uma expressão importante em indústrias têxteis e do calçado, empresas de serviços TIC e sector industrial automóvel. Outro fator externo que tem influenciado o campo de aplicação é o crescimento das cidades da região, que tem promovido a cooperação entre diversos investigadores por forma a atuarem em domínios como a logística, comunicações, governo eletrónico e gestão de recursos. Os resultados desta estratégia de atuação são demonstrados pelo número de projetos de investigação aplicada em colaboração com empresas (financiado pela ANI e QREN) e por projetos nacionais apoiados pelos programas POSI, POCTI e POE. O Centro participa ainda em diversos projetos europeus, tipicamente financiados pelos programas do Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SCTN).

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